terça-feira, 29 de março de 2011


Sentei para tomar o café, no café de sempre. O espresso de sempre, o cheiro do cigarro de sempre. Não fumei. Só senti o cheiro forte do cigarro alheio e a vontade louca de comprar um maço, para exorcizar os pensamentos.

Aliás, falando em pensamentos... eles não tem me deixado dormir. Toda noite ficam com medo de serem esquecidos e insistem em me fazer ficar acordada para ouvir suas lamúrias e desordens de planos.

Preciso de um papel, quem sabe se eu desenhá-los eles se acalmam e por fim, sendo vistos no mural do quarto, todos os dias, acabam com tamanha carência e com o medo de não aparecerem mais.

E se eu tatuá-los no corpo? Em francês... talvez não seja uma boa idéia, eles não entendem francês ... em latim ... não ... em velho e bom português mesmo. Assim, se verão todos os dias no espelho, verão as rugas tomar conta de alguns e poderão até, com medo da velhice e não realização, sumir e esquecer que precisam existir.

Fotografá-los, mas como fotografar um pensamento? Hum...

A não ser que eu me torne a artista do ensaio deles. Posso até ganhar algum dinheiro com isso... vestir cada um deles, experimentá-los... de fato isso pode me aumentar algum valor. Sim. Decidi que sim e farei o ensaio.

Mas aviso aos pensamentos que o ensaio será: um por sua vez e em horários comerciais. Afinal uma artista não encena cansada, o papel de tão belos e antagônicos sentimentos, digo, pensamentos!