terça-feira, 20 de janeiro de 2015


UM OLHAR SOBRE A CEGUEIRA


“É necessário certo grau de cegueira para poder enxergar determinadas coisas.”
Clarice Lispector


Tanto faz se é noite ou dia, ele vai com a segurança de que o caminho está livre. Confia e segue dando suas voltas.

Passos pequenos e cuidadosos. Ás vezes para, respira, sente o chão no escuro, sente o breu.  Continua. Confia em si mesmo. Confia no ambiente que está. Confia nas pessoas que passam ao seu lado. Confia no barulho que escuta, nas vozes que falam perto dele, mesmo sem enxergar seus rostos.

Mais uma volta, sorriso tímido no rosto, livre ele segue.

O sentir, na minha humilde opinião é o que lhe move. Ele segue, confiante.

Ás vezes quando nos encontramos entre uma volta e outra me emociono. Vontade de chorar de gratidão pelo exemplo que ele me é. A vida, minha e dele, se aconchega no meu coração. Agradeço por presenciar aquele momento e peço proteção para ele e para mim. Que vida boa meu deus!

Coincidência ou não nossos caminhos são inversos, eu vou, ele vem. Acredito até que isso é providência do universo para me mostrar que é para ir em frente.


Lá vai ele, com liberdade, na praça, dando suas voltas, cego do olhar e com o coração lhe mostrando onde é para pisar.


Débora Rabelo - Café e Criação



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