segunda-feira, 20 de julho de 2015


Poeta



um poeta
sente a morte todos os dias
morre de dor
morre de amor
morre de alegria
e de alergia

o poeta tem a vida todos os dias
todo o tempo
tudo no tempo
renasce quando morre
vive a morte do que já foi vida

o poeta é sul e norte
é aqui e lá longe
tem no corpo cicatrizes
humanas
força da existência
mundana

vibra junto
é energia
de tudo
o poeta é tudo
é o todo
é deus

deus é poeta
o poeta é um humano, deus
é luz e breu
é vida
talvez morte

só não tem a sorte
do unguento divino
curador dos buracos de mundo

da morte.


Débora Rabelo





Um comentário:

  1. O poeta vive as esquinas, ainda que tudo seja plano e planejado. O empecilhos, os devires sonhados ou apenas queridos são suas hipóteses. Apenas a palavra é a sua certeza. O real é a imagem dessa palavra projetada no espaço existente entre um respirar e outro. É por isto que morrer é muito difícil. Nós permanecemos estáticos diante da escolha entre morrer ou matar a morte. Enquanto isto, morremos sempre. Aos poucos.
    Mostrar menos

    ResponderExcluir