Poeta
um
poeta
sente
a morte todos os dias
morre
de dor
morre
de amor
morre
de alegria
e
de alergia
o
poeta tem a vida todos os dias
todo
o tempo
tudo
no tempo
renasce
quando morre
vive
a morte do que já foi vida
o
poeta é sul e norte
é aqui e lá longe
tem
no corpo cicatrizes
humanas
força
da existência
mundana
vibra
junto
é
energia
de
tudo
o
poeta é tudo
é
o todo
é
deus
deus
é poeta
o
poeta é um humano, deus
é
luz e breu
é
vida
talvez
morte
só
não tem a sorte
do
unguento divino
curador
dos buracos de mundo
da
morte.
Débora Rabelo
O poeta vive as esquinas, ainda que tudo seja plano e planejado. O empecilhos, os devires sonhados ou apenas queridos são suas hipóteses. Apenas a palavra é a sua certeza. O real é a imagem dessa palavra projetada no espaço existente entre um respirar e outro. É por isto que morrer é muito difícil. Nós permanecemos estáticos diante da escolha entre morrer ou matar a morte. Enquanto isto, morremos sempre. Aos poucos.
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